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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Nossas dificuldades

Nesse momento em que as comunidades tradicionais caiçara da Juréia estão lutando por seus territórios, estamos todos focados num mesmo projeto de futuro, que seria consequencia da recategorização da Estação Ecológica Juréia Itatins para uma unidade de conservação de uso sustentável, onde as comunidades poderiam morar e preservar seu modo de vida que sempre utilizou- se da natureza sem degradá- la.


Há muito tempo minha comunidade vem enfrentando um grande problema, pois em 1986 foi criada através de uma lei estadual,uma unidade de conservação de proteção integral chamada Estação Ecológica Juréia- Itatíns, que não permite a presença humana, foi criada no território em que nós comunidades tradicionais já vivíamos e desenvolvíamos nossas atividades, que tem base no extrativismo e na agricultura itinerante. Desde então nossas comunidades estão sendo obrigadas a sair de seu território para morar nas periferias das cidades ao redor da Estação Ecológica Juréia Itatíns, não tendo muito sucesso nesse êxodo, acabam passando por muitas dificuldades e algumas até entram no mundo da marginalidade, pois não tem a capacitação necessária para arrumar um emprego nessas cidades.
Com a criação dessa unidade de conservação e as conseqüências que ela acarretou, a comunidades da Juréia ingressaram numa luta que dura mais de vinte anos, pela mudança da lei da Juréia, ou seja, pela recategorização da unidade de conservação de proteção integral para uma Unidade de conservação de uso sustentável onde a presença humana é permitida e a comunidade pode desenvolver sua cultura.Para fortalecer essa luta da comunidade foi necessário se organizar e se constituir como associação com representação jurídica, criando então a União dos Moradores da Juréia (UMJ)
E na mesma época com preocupação da crescente saída das comunidades de seus territórios, para manter a cultura caiçara presente nas nossas vidas e gerar renda para as pessoas que saíram de dentro da Juréia foi fundada também a Associação dos Jovens da Juréia (AJJ).
Hoje eu atuo nas duas associações aonde venho participando de ações de desenvolvimento das comunidades, conhecendo as legislações, nossos direitos enquanto cidadãos e como comunidades tradicionais. Também participo de encontros para discutir proposta para resoluções de problemas das comunidades tradicionais caiçaras, tanto na questão cultural como na questão territorial que é o nosso principal foco, onde temos a preocupação em manter nossas comunidades em seus locais de origem, assim podendo exercer sua cultura de forma espontânea.

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